Two Arabesques (J. P. Schwenck)

Dois cabeças.

Caídos, respiram

Calados, não iam

Cortados, gemiam.

Um exclama conflito

Outro exprime conforto

Os ligamentos endoscópicos

Tudo na mesmice do que é homérico.

Dos que são envoltos em luz

Que no chuvoso permeia

O odor da morbeza

E a real grandeza

Da revolta crueza.

A fragilidade como

Os pêssegos em calda

Engulo

É pândega a loucura

E acordam

Sem o purgante nos bolsos.

“Todos os problemas são meus” – ele disse.

Lançou ao mar, é uma nódoa

Há uma fragata, ele é o capitão.

Boiam as bússolas, nada ao alcance

Morreu veterano, acordou chofer de táxi.

Nos boulevards que circundavam

E o tráfego não invadia

No xadrez do pátio lotérico

De formas e sensações do esotérico.

Subiu pela saída E

Ficou na cidade baixa

Pois não mais abusam de alusões

Nas ondas canículas da emergência.

Das aljavas vazias

As cabeças de Géricault.

Trazendo os horrores

De uma segunda feira.

A proliferação como um ato de unidade

De uma sede que invade

Em público e cores, petrolíferas por torres

Por dentro todos somos dinossauros.

Encaçapando estrelas

Instituindo o bodypaint

Estenderão a mão com seus estroboscópios

E, com febre, será bem-vindo em todos os lugares.

Não se chega ao terraço sem antes, lamber os pisos do térreo

Dos olhares distantes, alvejantes e férreos

Em poses, jogou-se da esplanada pros braços do escândalo

São amodais artifícios.

São estudos concêntricos

Que não tiveram concentração

E mesmo não havendo vagas

Mofaremos em todos os lugares.

Em postais e selos

Se não domá-los, como sabe-los?

Como o mal subtraído

Do neurônio subjetivo.

Em nele, miríades

E circuitos mirados

Meros eletrônicos

Do pensar automático.

E eu que sou o cabeça

Que não foi automatizado

Fico sendo antropofálico

Esperando pra ser datado.

Engrenagens não duram, engrenam

Telégrafos não beijam, esperam

E eu, pulsão de momento

Fico querendo dividir-me em resgates.

Da diferença, não se ouve sussurros

Entre pernas, orelhões em pulsos

São dois telefones fora de área

Será que eles caíram em autoasfixia?

J. P. Schwenck (Rio de Janeiro)